Introdução: A Hipertensão Arterial é uma condição clínica multifatorial e seu controle não tem atingido níveis adequados em todo o mundo. Justificativa: A adesão terapêutica é fundamental para o sucesso do tratamento e controle pressórico e o autocuidado parece ser essencial para a adesão ao tratamento e demais ações de controle de saúde. Além disso, a religiosidade demonstra ser um fator de impacto no autocuidado e o enfermeiro possui papel fundamental na promoção do autocuidado. Objetivos: caracterizar o nível de autocuidado de pacientes hipertensos em seguimento ambulatorial e correlacionar com o índice de religiosidade apresentado e com o controle pressórico verificado por meio da Medida Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) e de valores de pressão arterial aferidos em consultório. Método: estudo descritivo e transversal com amostra composta por (n=17) participantes hipertensos vinculados a um ambulatório de alta complexidade pertencente a um hospital universitário de grande porte. A obtenção de dados ocorreu através de aplicação de instrumentos específicos e validados: Escala de Autocuidado de Hipertensão (SC-HI), que avalia o autocuidado em três dimensões - manutenção, manejo e confiança; e Escala de Religiosidade da Duke (DUREL), que avalia a religiosidade em três dimensões - organizacional (RO), não-organizacional (RNO) e intrínseca (RI). A coleta dos dados ocorreu via contato telefônico e consulta a prontuário de saúde para acesso às demais informações. Resultados: A população do estudo foi predominantemente feminina (70,6%), com média de idade de 63,5±10 anos. A maioria 70,6% (12) referiu não possuir companheiro/a (viúvos, divorciados, separados e solteiros) e 47% (8) atestaram ser católicos. Os valores médios da pressão arterial de consultório foram 140,7±23mmHg no caso da pressão arterial sistólica (PAS) e 82,23±13mmHg no caso da pressão arterial diastólica (PAD). O déficit de autocuidado foi evidenciado na maioria dos participantes com destaque às dimensões de manutenção do autocuidado 58,8% (10) e de manejo no autocuidado 70,6% (12). Foi identificada correlação significativa e positiva entre a carga pressórica da PAS (r=0,55,p=0,02) e da PAD (r=0,58, p=0,01) durante o sono com a RI. Foi também identificada correlação negativa entre a RI e o descenso noturno da PAS (r=-0,56, p=0,01). Conclusão: A população do estudo apresentou expressivo déficit de autocuidado em todos as dimensões, com destaque para o déficit de manejo do autocuidado. Quanto à religiosidade, quanto maior o índice de RI, pior o controle da pressão arterial.