Introdução: Muitos óbitos são decorrentes de uma parada cardíaca. São milenares as técnicas para se reverter esse quadro, chamadas de ressuscitação, e ao longo dos anos elas foram aprimoradas, o que garantiu salvar muitas vidas. Porém, não são todas as vezes que a ressuscitação se mostra eficaz. É baseado nesse aspecto que precisam ser revisados dados e entender cada vez mais os motivos dos óbitos pós ressuscitação.
Objetivo: Analisar o atual panorama do tratamento de parada cardíaca com ressuscitação realizado no Brasil durante 10 anos e correlacionar a epidemiologia atual com os resultados obtidos.
Métodos: Realizou-se uma revisão sistemática da literatura e uma coleta observacional, descritiva e transversal dos dados de tratamento de parada cardíaca com ressuscitação, disponíveis no DATASUS – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) por um período de dez anos – fevereiro de 2011 a fevereiro de 2021 – avaliando número de óbitos, número de internações e taxa de mortalidade.
Resultados: No período analisado observaram-se 39.474 internações para tratamento de parada cardíaca com ressuscitação. A região brasileira com maior número de internações foi a Sudeste com 19.103, seguida da região Centro-Oeste com 7.487, Sul com 7.271, Nordeste com 4.412 e, por último, a região Norte com 1.201. A taxa de mortalidade total nos 10 anos estudados foi de 74,89%, correspondendo a 29.561 óbitos. No comparativo entre o número de óbitos por regiões, a região Sudeste foi a responsável pelo maior número de óbitos (14.217), seguida pela Centro-Oeste com 6.216, Sul com 5.060, Nordeste com 3.231 e Norte com 837. Entre as unidades da federação, São Paulo concentrou a maior parte das internações, 11.865, com 8.941 óbitos. O ano de 2020 foi o que teve o maior numero de internações (6.746) e com o maior numero de óbitos (5.304), o que corresponde a um aumento médio de 116% de óbito dos 10 anos observados. É importante dizer que no mesmo ano 194.949 pessoas vieram a óbito por Covid-19.
Conclusões: Observou-se que a taxa de mortalidade é muito elevada (74,89%). Nota-se que a região Sudeste foi à de maior acometimento com mais de 36% do total de internações. Vale ressaltar que, o crescimento foi de 116% da mortalidade em 10 anos, de 1.359 para 5.162 óbitos. Com relação ao ano de 2020, pacientes com problemas cardíacos foram mais letais na pandemia por Covid-19. O dano ao sistema cardiovascular é provavelmente multifatorial e pode resultar em parada cardíaca. A projeção para 2030 é que 22.772 pessoas venham a óbito após uma parada cardíaca com ressuscitação.