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10 a 12 de junho de 2021

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TRABALHOS APROVADOS > RESUMO

Infarto agudo do miocárdio e síndrome do anticorpo antifosfolípide: dilema na estratégia terapêutica

Rocha, BAM, Pinesi, HT, Soares, FQ, Carvalho, BRR, Habrum, FC, Martins, EB, Garzillo, CL, Favarato, D, Rached, FH, Serrano Jr, CV
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução:

A síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAAF) é uma trombofilia adquirida imunomediada, caracterizada pela presença de anticorpos direcionados contra proteínas plasmáticas de ligação aos fosfolípides. As manifestações desta doença são predominantemente obstétricas (como abortos de repetição) e tromboses recorrentes. Apesar de infrequente, o sistema cardiovascular também pode ser acometido.

Relato de caso:

Paciente feminina, 36 anos, parda, tabagista ativa com diagnóstico de SAAF primária em anticoagulação plena com varfarina devido a três episódios de tromboembolismo venosos e um arterial prévios. Procurou atendimento médico por dor torácica inespecífica. ECG admissional com supradesnivelamento do segmento ST em derivações inferiores. Cinecoronariografia de emergência evidenciou imagem negativa, em cálice invertido, no terço médio de artéria ventricular posterior direita, sugestiva de trombo de origem embólica. Realizada angioplastia com balão, com reperfusão do leito distal e fluxo TIMI 3. Paciente tem controles adequados do tempo de protrombina, inclusive no dia do evento agudo. Não foram evidenciadas outras obstruções ou placas ateroscleróticas. Paciente recebe alta, assintomática, em uso de Varfarina e Clopidogrel.

Discussão

Cerca de 15% dos pacientes com SAAF primária manifestam evidência de aterosclerose coronária em 10 anos de seguimento. Esses pacientes podem evoluir com infarto agudo do miocárdio em 1,2%, com etiologia aterosclerótica, cardioembólica ou trombose arterial. O manejo das manifestações cardioembólicas na SAAF ainda é controverso. Em casos agudos de embolia coronariana, a tromboaspiração do material é a conduta de escolha, associado ao uso de ultrassom e/ou tomografia intracoronária, individualizando-se a necessidade de angioplastia com balão e/ou stent. O ponto principal do manejo crônico dos fenômenos tromboembólicos na SAAF baseia-se na anticoagulação plena com antagonistas de vitamina K. Na ausência de identificação de placas ateroscleróticas e nos casos em que não foram utilizados stents, o uso de antiagregantes não é mandatório. No caso relatado, foi optado pela associação de antiplaquetário devido ao novo evento embólico a despeito de anticoagulação adequada com antagonista de vitamina K e à ausência de fatores de risco de sangramento.

Conclusão:

As manifestações cardiovasculares na SAAF, apesar de infrequentes, exigem manejo diferenciado das demais causas de síndrome coronariana aguda. A terapia antitrombótica é individualizada, ponderando-se características clínicas, angiográficas e preferências do paciente.

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41º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo

10 à 12 de junho de 2021