Introdução:As valvopatias mitrais apresentam elevada incidência no Brasil, sendo a doença reumática a principal etiologia. A via percutânea tem se tornado cada vez mais utilizada em pacientes com alto risco cirúrgico tanto, nos casos de valvas nativas quanto nas disfunções de biopróteses (valve in valve).O uso do ecocardiograma transesofágico (ECO-3D) tem sido auxiliar nesses procedimentos.
Relato de Caso: 67 anos, sexo feminino, com sintomas de insuficiência cardíaca de início recente. Antecedente pessoal de valvopatia mitral reumática com troca valvar prévia e acidente vascular hemorrágico.O ECO prévio evidenciou FEVE de 68%, AE: 57 mm, ventrículo esquerdo:46x31 mm.Prótese biológica mitral com redução da abertura dos folhetos e flail do folheto anterior com refluxo mitral importante e jato dirigido para a parede livre do AE, gradiente AE-VE médio de 11 mmHg, área valvar estimada pelo método de PHT de 1,2 cm²,função do ventrículo direito preservada e pressão sistólica de artéria pulmonar: 85 mmHg (Fig 1;2 e 3).Em virtude,ao alto risco cirúrgico e de sangramento da paciente, foi optado pela realização do procedimento via percutânea (valve in valve) com acesso transseptal, sendo o ECO-3D utilizado no correto posicionamento da prótese percutânea no interior da prótese biológica, o que proporcionou um resultado hemodinâmico excelente: endoprótese em posição mitral com boa abertura dos seus folhetos,gradiente AE-VE médio de 5 mmHg, área valvar (PHT) de 1,8 cm² e ausência de fluxos peri-protéticos (Fig4 e 5).A paciente apresentou alta com 72 horas de internação.
Discussão:Valve in valve tem se mostrado um tratamento efetivo na disfunção da bioprótese valvar mitral em pacientes com alto risco cirúrgico.O uso do ECO-3D tem sido uma ferramenta eficaz como guia nos procedimentos percutâneos e neste caso específico na abordagem valve in valve transseptal. Em nosso serviço, o treinamento com a ECO-3D tem sido incentivado, principalmente associado aos procedimentos percutâneos. Apesar do uso do ECO -3D necessitar de treinamento especializado e investimento, o seu uso deve ser estimulado, já que neste caso favoreceu ao excelente resultado,diminuição de intercorrências e ao curto período de internação.
Conclusão˸Por se tratar de uma nova tecnologia, o ECO- 3D ainda apresenta baixa disponibilidade nos serviços, porém deve ser estimulado, já que, auxilia nos tratamentos minimamente invasivos.
Fig1 IM importante
Fig 2 Flail
Fig3:ECO-3D Prótese biológica com estenose
Fig 4 Durante o procedimento
Fig5:Resultado final Endoprótese liberada