Introdução: A miocardite eosinofílica é uma doença rara e potencialmente letal, que se caracteriza pela infiltração do miocárdio por eosinófilos. A associação entre a eosinofilia e a lesão miocárdica está bem estabelecida, podendo apresentar diversas etiologias, desde hipersensibilidade e doenças autoimunes até neoplasias e infeções. Série de Casos: 3 pacientes com insuficiência cardíaca de fração reduzida (18 a 25%) em internação por descompensação de causa infecciosa cursaram com Perfil C e necessidade de dobutamina, ao decorrer da internação apresentaram refratariedade clínica com aumento da frequência cardíaca, congestão sistêmica, oligúria e disfunção renal. Iniciada investigação clínica, apresentando eosinofilia importante (>10%) progressiva e sinais de piora clínica e disfunção sistólica. Não foram realizados biópsias a fim de confirmação histológica. Durante teste terapêutico, com a troca de dobutamina por levosimendan houve em 2 dos pacientes melhora clínica e queda contínua dos eosinófilos concomitante com a melhora da FEVE; apenas em um dos casos foi necessária a pulsoterapia com metilprednisolona a qual obteve melhora clínica progressiva. Discussão: O diagnóstico de miocardite eosinofílica é multifatorial, o quadro clínico é variável e os achados laboratorias são inespecíficos. A RMC proporciona uma combinação de segurança, definição anatômica e caracterização tecidual do miocárdio, principalmente com edema e focos difusos de realce tardio. A biópsia endomiocárdica é o único método que permite o diagnóstico definitivo e a identificação da etiologia subjacente. Tem uma sensibilidade estimada em 50% devido a erros da amostra. Apesar de ser o gold standard, na prática nem sempre é realizada, existindo recomendações para a sua execução, que são dependentes da clínica e dos resultados dos exames complementares. O tratamento e prognóstico da miocardite eosinofílica depende da sua etiologia. Na miocardite induzida por drogas, a resposta de sensibilidade pode variar de horas a meses. Parte da justificativa da hipersensibilidade se dá em resposta a componentes quimicamente reativos que se ligam a proteínas promovendo modificações estruturais.Na literatura está descrito que um período de terapêutica imunossupressora de seis meses pode trazer melhorias significativas ao nível da função ventricular esquerda (aumento de 15-20% da fração de ejeção). Conclusão: Em relação a pacientes adultos commiocardite presumida, o uso de terapia imunossupressora não parece ser benéfica, à medida que seu curso clínico é normalmente de uma recuperação espontânea.