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10 a 12 de junho de 2021

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TRABALHOS APROVADOS > RESUMO

Uma apresentação incomum da Síndrome de Dressler: Relato de caso

Fernando Chiodini Machado, Pedro Henrique de Santana, Renata Milano Santos, José João Bailuni Neto, Rodrigo Freddi Miada, Georgina del Cisne Jadán Luzuriaga , Guilherme Hideaki Higuchi
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Paciente masculino de 54 anos, previamente hipertenso, deu entrada ao pronto socorro com queixa de dor precordial típica sendo diagnosticado com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST de parede anterior extensa. Foi trombolisado no dia seguinte do ictus da dor torácica sem critérios de reperfusão e encaminhado para realizar cateterismo de resgate onde identificou uma oclusão da artéria descendente anterior e realizado angioplastia com stent convencional. No ecocardiograma inicial observou-se acinesia da região apical e ausência de derrame pericárdico.

No 20º dia após a dor torácica, paciente evoluiu com insuficiência respiratória aguda e piora da instabilidade hemodinâmica. Após avaliação com novo ecocardiograma notou-se derrame pericárdico importante com sinais de tamponamento. Foi realizado ao total 3 coletas de PCR para COVID-19, todas negativas. Foi submetido à drenagem de derrame pericárdico evoluindo com melhora clínica e hemodinâmica. Durante intraoperatório não foi visualizado complicações mecânicas relacionadas ao infarto.

O líquido pericárdico tinha características de um exsudato serossanguinolento rico em leucócitos polimorfonucleares. A biópsia de um fragmento pericárdico continha infiltrado inflamatório linfomononuclear e fibrose, com ausência de granulomas, neoplasias e pesquisa negativa para fungos e micobactéria. Devido ausência de complicações mecânicas e de acometimento infeccioso do líquido pericárdico a principal hipótese diagnóstica foi síndrome de Dressler.

A síndrome de Dressler é um fenômeno raro, com incidência de 3 a 4% na era pré-fibrinolítica ao passo que atualmente gira em torno de 0,1%. Ocorre mais frequentemente 2 a 3 semanas após o episódio de infarto. Sua fisiopatologia não é totalmente conhecida, mas a teoria mais aceita é de uma reação inflamatória local, principalmente pelos eritrócitos no espaço pericárdico, associado a uma reação autoimune por anticorpos antimiocárdicos. O tratamento sugerido é o mesmo da pericardite aguda, já que não existem estudos específicos que avaliaram esquemas terapêuticos para a síndrome de Dressler.

A apresentação clínica de tamponamento cardíaco na síndrome de Dressler é extremamente raro. Hertzeanu et al em 1983, descreveu um paciente masculino de 46 anos com sinais de tamponamento cardíaco após 20 dias do diagnóstico de síndrome coronariana aguda sem ter feito trombólise ou angioplastia. O paciente também foi submetido à drenagem pericárdica com análise do líquido muito similar ao nosso paciente: serossanguinolento e rico em leucócitos polimorfonucleares.

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41º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo

10 à 12 de junho de 2021