Introdução: Frente a um aumento na demanda por insumos e por leitos hospitalares em virtude da pandemia SARS-CoV-2, medidas que visem à otimização de tais recursos devem ser discutidas. Intervenções coronarianas percutâneas (ICP) em pacientes acometidos por infarto agudo do miocárdio (IAM) requerem, pelo menos, 24 horas de observação sob IH. Avanços técnicos e farmacológicos e a disseminação do acesso radial como padrão minimizaram os riscos de eventos isquêmicos e hemorrágicos. Neste contexto, antecipar a alta hospitalar após ICP sem intercorrências parece ser, consoante a literatura internacional, exequível e seguro.
Objetivos: Avaliar a exequibilidade e a segurança, com follow-up de 30 dias, de alta hospitalar precoce após ICP em pacientes acometidos por IAM, na ausência de complicações do evento agudo e do procedimento terapêutico.
Métodos: De setembro/2020 a março/2021, oito pacientes acometidos por IAM sem supradesnivelamento de ST ou com supradesnivalmento de ST (submetidos a reperfusão química em outros serviços e, então, referenciados ao nosso centro terciário para estratificação invasiva), não-complicado e com pelo menos 48 horas de internação hospitalar submetidos a ICP sem complicações foram incluídos no grupo alta precoce.
Um grupo controle de 34 pacientes homogêneo em relação às características epidemiológicas e angiográficas foi usado para comparação dos resultados (Tabela 1). Realizou-se follow-up telefônico 30 dias após a alta hospitalar.
Resultados: O tempo médio de internação hospitalar do grupo alta precoce foi de 7,75 horas, enquanto o do grupo controle, 35,47 horas (p<0,9931). Não houve, no follow-up de 30 dias, necessidade de readmissão hospitalar e/ou ICP não-programada.
Conclusão: Alta hospitalar precoce após ICP não complicadas no contexto de IAM, em selecionados casos, parece ser exequível e segura. A redução da permanência hospitalar diminui a exposição viral nosocomial e permite, por conseguinte, melhor aproveitamento de recursos públicos durante a pandemia.