INTRODUÇÃO
A importância de arritmias ventriculares (AV) induzidas ao esforço, depende das características da população estudada. Há controvérsias quanto à associação entre AV induzidas ao esforço e a extensão das anormalidades cardíacas, bem como quanto ao prognóstico.
O objetivo deste texto é relatar um caso de AV complexa, torsades de pointes, induzida por teste ergométrico e associar aos achados da literatura.
METODOLOGIA
Trata-se de um relato de caso cujas informações foram coletadas com o paciente, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e por meio da revisão do prontuário, entre março e abril de 2021.
As informações do presente relato foram associadas aos dados de literatura, baseada na consulta às bases: MEDLINE, PubMed, LILACS, COCHRANE e SciELO.
Incluídos artigos publicados entre 1977 a 2021, com Qualis mínimo “C”, segundo os critérios de inclusão: abordar os aspectos diagnósticos e etiológicos da AV induzida ao esforço, bem como sua implicação prognóstica. Excluíram-se artigos referentes a animais, lactentes e gestantes.
RELATO DE CASO
Paciente masculino, 59 anos, pedreiro, natural de Malacacheta MG, reside em São Paulo-SP. Tabagista ativo. Portador de hipertensão arterial e transtorno de ansiedade, coronariopata, submetido à cirurgia de revascularização miocárdica em agosto de 2020.
Evoluiu com importante quadro anginoso, 5 meses após revascularização miocárdica. Em investigação com cintilografia miocárdica associada a teste ergométrico, apresentou angina típica. No pico do esforço houve infradesnivelamento significativo do segmento ST em parede inferior e, na recuperação, em parede anterior e lateral. No início da recuperação, deflagrou-se, por 7 segundos, torsades de pointes, com reversão espontânea a ritmo sinusal.
Permaneceu em observação hospitalar, por 48 horas, assintomático. A cintilografia descreveu hipocaptação persistente nas regiões média e basal das paredes inferior e inferolateral do ventrículo esquerdo e não evidenciou isquemia. Propedêutica laboratorial isenta de alterações. Seguiu-se a investigação com ressonância miocárdica, que demonstrou infarto subendocárdico em paredes inferior e inferolateral médio e basal.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Segundo a literatura, coronariopatas que apresentem AV, têm maior risco de doença multiarterial e disfunção ventricular, além de se relacionar à maior extensão da isquemia. Ademais, a presença de torsades de pointes, é preditor independente de morte.