Introdução: A fibrilação atrial (FA) corresponde ao distúrbio de ritmo cardíaco sustentado mais comum e sua ocorrência está relacionada, dentre outros fatores, a presença de valvopatias atrioventriculares. Além disso, deve-se destacar que tal condição é de grande relevância social visto que está associada a piora do perfil hemodinâmico em pacientes acometidos e a redução do débito cardíaco, o que constitui um fator de piora na insuficiência cardíaca (IC). Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo avaliar a relação entre valvopatias atrioventriculares e a incidência de FA em pacientes com IC descompensada.
Métodos. Estudo transversal, com 324 pacientes admitidos em hospital cardiológico por descompensação aguda de IC. As informações foram obtidas a partir de banco de dados coletado por profissionais de saúde devidamente treinados e presentes no momento da admissão hospitalar, com termo de consentimento assinado. Os participantes foram distribuídos em três grupos, sendo estes: com valvopatias atrioventriculares; com valvopatias semilunares isoladas; e sem valvopatias. Para todos os grupos foram calculadas as porcentagens de aparecimento de FA. Para comparar médias entre grupos, foi utilizado o teste t de Student. O cálculo de significância estatística foi feito no programa Epi Info, utilizando nível de significância de p <0,05.
Resultados: Dos 184 pacientes analisados com valvopatias atrioventriculares, um total de 47 (25,54%) apresentaram-se com FA. Dos 15 pacientes com valvopatias semilunares isoladas, somente 2 (13,33%) foram admitidos com presença de FA. Já no que se refere ao grupo dos que não possuíam valvopatias, do total de 125 pacientes, somente 17 (13,6%) destes foram admitidos com FA. Houve significativa diferença estatística entre o grupo dos pacientes com valvopatias das atrioventriculares quando comparado aos dois outros grupos juntamente, com valor de p <0,003.
Conclusão: A presença de valvopatias atrioventriculares é um importante fator de predisposição para o surgimento de FA em pacientes com IC descompensada, evidenciando a importância do correto controle e manejo das valvopatias na redução da prevalência de fatores que influenciem em piora dos sintomas e maior chance de complicações que culminam em um pior prognóstico da IC.