Introdução: A estenose valvar pulmonar crítica com septo interventricular íntegro é uma cardiopatia que se apresenta com hipoxemia sistêmica e fluxo pulmonar canal arterial dependende. A valvoplastia pulmonar percutânea com balão, desde a sua primeira descrição em 1982, tem evoluído e atualmente é a primeira escolha de tratamento para estenose pulmonar em todas as faixas etárias.
Método: Estudo retrospectivo, analisando 58 pacientes de um Hospital Público de Referência submetidos a valvuloplastia pulmonar com balão (VPB) para tratamento de estenose de valva pulmonar entre o período de janeiro de 2016 a julho de 2020. Estudo analisou tanto as características clínicas (peso, sexo e idade), angiográficas (balão e intercorrência) e ecocardiográficas (gradiente).
Resultados: Dos 58 pacientes tratados, 32 pacientes (55%) eram do sexo feminino. Média de idade de 14 dias de vida, peso variou de 2,2 a 4,5kg, com média de 3,4 kg, e nenhum paciente apresentava síndrome genética. O diâmetro dos balões utilizados 5, 7, 8, 9 e 10 foram respectivamente: 1(1,7%), 1(1,7%), 8(13,7%), 26(44,8%) e 22(38%). 6 (10%) dos pacientes apresentaram arritmia transitória durante o procedimento e ocorreram 2 óbitos (2,4%), ambos no pós operatório imediato. Após VPB, todos os pacientes apresentaram ao ecocardiograma gradientes menores que 40 mmHg (variando entre 0-34 mmHg, com média de 4,9 mmHg). Insuficiëncia pulmonar (IP) foi encontrada no ecocardiograma pós procedimento em todos os pacientes, sendo mínima em 11 (19%), leve em 30 pts (51,7%), leve-moderada em 4 pts (6,9%), moderada em 11 (19%) e importante em 2(3,4%) pacientes. 3 pts realizaram 2 intervenções no mesmo procedimento, 2 pts realizaram perfuração valvar com VPB e 1 paciente realizou VPB com implante de stent em canal arterial.
Conclusão: A valvoplastia percutânea com balão é um procedimento seguro, com baixo índice de morbimortalidade. A ocorrência de insuficiência pulmonar pós procedimento é esperada, de leve a moderada em sua grande maioria. Insuficiências mais graves podem estar associadas ao uso de balões com diâmetros com razão balão/anel valvar pulmonar maiores que 1.4 ou procedimento realizado em valvas displásicas. Devido sua complexidade, a VPB pode ser considerada um desafio em neonatos, no entanto sua realização nesta faixa etária é considerada segura e pode postergar e afastar intervenções cirúrgicas.