Racional: O acesso arterial transradial distal (dTRA) na fossa radial (tabaqueira anatômica), refinamento da técnica convencional/proximal (pTRA), apresenta inúmeras vantagens: maior conforto a pacientes (pcts) e operador (sobretudo para o dTRA esquerdo), menos sangramentos, hemostasia mais rápida e substancial redução no risco de oclusão da artéria radial (AR) proximal. Objetivos: avaliar exequibilidade e segurança do dTRA como via preferencial para cinecoronariografias (CINE) e/ou intervenções coronarianas percutâneas (ICP) rotineiras. Métodos: de FEV/19 a ABR/21, 2.671 (all-comers) pcts consecutivos submetidos a CINE e/ou ICP via dTRA foram incluídos no DISTRACTION, o primeiro registro prospectivo brasileiro a avaliar o dTRA como via padrão para CINE e ICP. Resultados: As tabelas (figura) expõem as características destes 2.671 pcts e dos 3.963 procedimentos executados. A média de idade da amostra foi 63.0±10.8 anos, com maioria de gênero masculino (65.9%) e hipertensão arterial sistêmica (77.8%). Síndromes coronarianas agudas prevaleceram (51.8%), 41% tiveram síndromes coronarianas crônicas e 66 (2.5%) pcts se apresentaram ao cath lab em status de choque cardiogênico. A AR distal foi puncionada com êxito em todos os 2.671 pcts, sempre sem auxílio de USG. Houve apenas 2.4% de “access site crossovers”, sendo, destes, 20% para o dTRA contralateral e 55% para o clássico pTRA. Logrou-se inserção bem-sucedida do sheath via dTRA em 97.6% dos pcts, mormente (79.7%) via dTRA direito, com sheaths 6Fr (99%) e hemostasia com o TR band® (96.8%). Repetição de dTRA ipsilateral (redo dTRA) se deu em 233 (8.7%) pcts; dTRA esquerdo foi usado em 10.9% e dTRA bilateral simultâneo, em 20 (0.7%) pcts. Em 59.6% dos pacientes, procedeu-se a ICP (eletivas, primárias, de resgate ou ad hoc), sendo a artéria descendente anterior o território-alvo mais prevalente (28.2%) e ICP de oclusões totais crônicas em 60 (2.2%) pcts. Não houve qualquer documentação de oclusão de AR (distal e proximal) à alta hospitalar. Caso isolado de pseudoaneurisma pós-dTRA direito foi resolvido com compressão prolongada, guiada por USG Doppler, com o TR band®. Não ocorreram eventos adversos cardíacos ou cerebrovasculares, bem como outras complicações maiores relacionadas à via de acesso. Conclusões: O uso rotineiro, por operadores experientes, do dTRA como padrão para CINE e/ou ICP em pcts de mundo real parece ser exequível e seguro, configurando-se como refinamento da clássica via pTRA, no afã de se dirimirem as complicações vasculares e de se preservar a AR para uso futuro.