Introdução: A Insuficiência Cardíaca (IC) possui alta morbi-mortalidade associada a descompensação. Estudos buscam relacionar fatores clínicos e necessidade de hospitalização. Entretanto, esses dados são escassos para países em desenvolvimento, cujas particularidades etiológicas e sociais afetam diretamente os desfechos. Propósito: Avaliar os fatores preditores de internamento para pacientes portadores de Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo (FEVE) reduzida em centro de referência SUS. Métodos: Realizou-se uma coorte retrospectiva em ambulatório de IC no período entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021. Foram incluídos pacientes com diagnóstico prévio de Insuficiência Cardíaca com FEVE reduzida, sendo excluídos FEVE preservada e transplantados. A variável de desfecho foi internamento em 1 ano. Para a análise multivariada, foram construídos modelos de regressão logística binária. Significância estatística foi considerada para um p <0,05, com Intervalo de Confiança de 95%. Resultados: Do total de 402 pacientes com idade média de 58,02 e diagnóstico de IC, 288 (71,6%) possuíam FEVE < 50% (média 32,10) e 70 (24,4%) tiveram internação hospitalar em 1 ano. As principais etiologias foram isquemia (22,0%) e Chagas (18,8%). Na análise bivariada, associou-se à maior frequência de internação a hipertensão arterial (OR = 1,86, IC 1,20 – 3,39), tabagismo (OR 2,31, IC 1,27-4,21), diabetes (OR = 2,10, IC 1,18 – 3,73), infarto agudo do miocárdio (IAM) prévio (OR = 3,77, IC 2,04- 6,96), acidente vascular cerebral prévio (OR = 2,33, IC 1,12 – 4,88), menor peso médio, menor nível sérico médio de colesterol total, LDL e HDL (todos p<0,05). Foram fatores protetores o uso de sacubitril-valsartana (OR = 0,31, IC 0,09 – 1,05), digoxina (OR 0,32, IC 0,10 – 0,93) e dose máxima de betabloqueadores (OR 0,32, IC 0,10 – 0,93). Na análise multivariada, permaneceram como fatores independentemente associados à internação hospitalar em 1 ano, IAM prévio (aOR 3,00, IC 1,55-5,82), tabagismo (aOR 1,94, IC 1,01-3,71) e como fator protetor, betabloqueadores em dose máxima (aOR 0,37, IC 0,19-0,74). Conclusão: O presente estudo reforça a importância do controle e prevenção de comorbidades, além da otimização medicamentosa em uma população usuária do SUS. Neste sentido destaca-se a sacubitril-valsartana como fator protetor para hospitalização, sendo ainda necessários mais estudos acerca do seu papel e oferta pelo SUS.