Introdução: O cardiodesfibrilador implantável (CDI) demonstrou eficácia na redução da mortalidade cardiovascular em pacientes portadores de cardiomiopatia em prevenção primária e secundária. Contudo, por tratar-se de um procedimento invasivo e de alto custo, faz-se necessário identificar os pacientes que mais se beneficiam dessa terapia. A avaliação de uma equipe multiprofissional para candidatos a CRT pode contribuir para a melhoria dos resultados. Objetivo: Desenvolvimento de escore de risco com base em preditores sociais, em pacientes submetidos ao implante de CDI. Métodos: Coorte prospectiva realizada entre janeiro de 2017 e setembro de 2019 com pacientes submetidos ao implante de CDI em prevenção primária e secundária. Os pacientes foram avaliados antes do implante do dispositivo por uma equipe multidisciplinar que analisou quatro preditores sociais para um desfecho desfavorável (baixa adesão à medicação, presença de riscos psicossociais, baixa renda familiar e baixo nível de escolaridade). O escore social foi calculado pela soma aritmética do número de preditores presentes em cada paciente. Foi utilizado no modelo multivariado por regressão de Cox as variáveis com possível associação (p<0,1) com mortalidade em 1 ano de seguimento. Resultados: 205 pacientes foram avaliados com seguimento médio de 416,5 (± 271,6) dias. 140 (68,3%) eram do sexo masculino, idade média de 54,6 anos (± 14,6) e FEVE média de 43,8% (± 18,5). A maioria dos pacientes 160 (78,0%) foram indicados por prevenção secundária, sendo a doença de Chagas a causa mais prevalente de cardiomiopatia 113 (55,1%). A mortalidade em 1 ano foi de 32 (15,6%). Na análise multivariada, com a inclusão das variáveis, idade, prevenção secundária, doença de Chagas, FEVE < 40% e escore social, apenas a maior pontuação no escore social e a FEVE < 40% foram independentemente associados à mortalidade em 1 ano, RR: 1,5, IC 1,2-2,0; p=0,003 e RR: 4,1, IC 1,2-14,2; p=0,02, respectivamente. A mortalidade aumentou significativamente à medida que a pontuação no escore social aumentou: 6,0% para uma pontuação de 0, 7,5% para 1 ponto; 21,7% para 2 pontos; 25,0% para 3 pontos e 29,0% para 4 pontos; p=0,006, Log-Rank. Conclusão: O escore social pode representar uma ferramenta simples de prognóstico que pode ser empregada em candidatos a CDI. Uma equipe multiprofissional para avaliar pacientes candidatos à CDI pode ajudar a identificar corretamente os pacientes que podem se beneficiar mais da terapia.