Introdução: Calcificações pulpares (CPs) são comuns e caracterizadas por uma estrutura mineralizada na câmara pulpar de um ou mais dentes, decíduos ou permanentes. As principais causas são cáries e restaurações. Entretanto, CPs podem existir em dentes saudáveis, sem causa aparente. A presença de CPs pode indicar alterações sistêmicas, como hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM) e tabagismo. O presente estudo tem o objetivo de identificar CPs em dentes saudáveis e correlacionar com a presença de HAS, DM e tabagismo.
Método: 5616 pacientes de 9 a 75 anos foram analisados a partir de arquivos de radiografias panorâmicas e prontuários médicos institucionais, de junho de 2014 a dezembro de 2018, sob aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos. Incluiu-se no estudo todos os pacientes com CPs em dentes saudáveis. Foram excluídos pacientes com CPs somente em dentes restaurados ou cariados, bruxismo, trauma prévio e em tratamento ortodôntico. Os dados foram tabulados em planilha contendo idade, sexo e dentes mais afetados, sendo posteriormente analisados. Testes específicos estatísticos foram adotados para cada caso, com nível de significância de 5% (p≤0,05).
Resultados: Foram observadas CPs em 263 pacientes (4.69%), das quais 96 (36,50%) eram pelo menos em um dente saudável. Houve predomínio no sexo feminino (73.96%), e maior acometimento de primeiro e segundo molares maxilares (p≤0,05). Pacientes com HAS apresentaram maior frequência de CPs em dentes saudáveis (p≤0,05). A presença de CPs em fumantes foi prevalente em1 ou 2 dentes (p≤0,05). Não houve associação significativa entre DM e CPs.
Conclusão: Os resultados sugerem uma associação positiva entre a presença de 3 ou mais dentes com CPs e HAS. O tabagismo também pode ser relacionado com a presença de CPs. Como a HAS é geralmente uma doença assintomática, ao identificar CPs pela radiografia, o dentista poderá encaminhar o paciente para seguimento e rastreio medico de HAS, contribuindo para a promoção de um atendimento sistêmico ao paciente. Ademais, mais estudos são necessários para corroborar com o atual, melhor elucidando os mecanismos fisiopatológicos envolvidos nessa associação.