Introdução: Os aneurismas de artérias coronárias (AAC) são definidos como dilatações focais do diâmetro arterial superiores a uma vez e meia em relação com o vaso normal; prevalência de 0.3 a 5% dentre os paciente submetidos a angiografia coronariana, sendo a maior parte assintomáticos. A patogênese não é bem compreendida, porém além da suscetibilidade genética e da associação com doença aterosclerótica, existem outras etiologias associadas como: Kawasaki, Marfan, pós-infecciosa e Iatrogênica após manipulação intracoronária. Os AAC podem se manifestar com: trombose local, embolização distal, compressão adjacente no caso de grandes aneurismas além de ruptura aneurismática. Podem também estar associados a disfunção microvascular, causando isquemia miocárdica mesmo sem estenose significativa. Assim os AAC, por mais de um destes mecanismos, pode ter como primeira manifestação a Síndrome Coronariana Aguda (SCA), sendo então um diagnóstico diferencial de MINOCA (Myocardial Infarction with Nonobstrutive Coronary Arteries).
Relato de Caso: Mulher, 72 anos, hipertensa, sem outras comorbidades. Foi encaminhada ao nosso serviço após quadro de dor torácica típica e curva de troponina no serviço de origem (Osasco). Oeletrocardiograma apresentava bloqueio de ramo esquerdo e área eletricamente inativa em parede inferior, porém o Ecocardiograma mostrou contratilidade preservada e fração de ejeção de 54%. Realizada angiografia coronária sem lesões obstrutivas significativas e dilatação aneurismática em artéria circunflexa de 8mm.A Ressonância Magnética Cardíaca (RMC) confirmou a presença de fibrose miocárdica transmural no segmento inferolateral, de padrão coronariano, sem potencial de recuperação contrátil. Paciente foi mantida com dupla antiagregação por um 1 ano e hoje segue assintomática.
Discussão: Paciente com quadro de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)transmural comprovado pela RMC, onde a principal etiologia é a Doença Aterosclerótica, ao ser submetida à angiografia coronária, não apresentou lesões obstrutivas significativas (>50%), mas foi identificado um aneurisma de artéria circunflexa de 8mm, que através da trombose local e embolização distal levou a SCA nesta paciente.
Conclusão: Os AAC, apesar de incidência rara, podem ser causa de IAM e por sua vez um diagnóstico diferencial no cenário de MINOCA. O papel da dupla anti-agregação plaquetária ou da anticoagulação terapêutica no manejo dos AAC, especialmente os descobertos incidentalmente, é uma área de debate contínuo, sendo necessário maiores estudos para a realização de uma prevenção segura e eficaz.