Introdução: Estudos prévios sugerem que os inibidores da dipeptidíl-peptidase-4 (i-DPP4) podem diminuir a agregabilidade plaquetária (AG) em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DMT2). Apesar desse potencial benefício, nenhum estudo testou o medicamento em pacientes na fase aguda do infarto do miocárdio (IAM), talvez pela sugestão de aumento de hospitalização por insuficiência cardíaca demonstrado em diabéticos crônicos com o uso da saxagliptina.
Métodos: Pacientes com DMT2 nas primeiras 72 horas de IAM, em uso de aspirina e clopidogrel, foram randomizados para i-DPP4 (sitagliptina 100 mg ou saxagliptina 5 mg ao dia) ou placebo. Foram testadas fundamentalmente as hipóteses de que o i-DPP4 reduziria a AG (eficácia) e não aumentaria os níveis de peptídeo natriurético do tipo B (BNP - segurança). A AG foi avaliada 4 ± 2 dias e 30 dias após a randomização, utilizando-se o ensaio VerifyNow Aspirin® expresso em Unidades de Reação de Aspirina (ARU). O BNP foi avaliado na randomização e 30 dias após, e expresso em pg/mL. As diferenças em relação aos valores basais obtidos em cada grupo foram utilizadas para avaliar AG (média +/- DP) e BNP (mediana e intervalo interquartil-IIQ).
Resultados: Foram incluídos 70 pacientes com IAM (74,3% STEMI), 64,3% homens, idade média de 62,6 +/- 8,9 anos. A mediana do Fração de Ejeção do ventrículo esquerdo foi de 50,5% (44,5-57,0) e a mediana do BNP no basal foi de 168 pg/mL (68-291). As diferenças para AG e para BNP são mostradas nas figuras.
Conclusão:Os inibidores de DPP4, em comparação a placebo, apresentaram efeitos neutros em relação aos níveis de AG e BNP. Este achado sugere que os i-DPP4 podem ser uma opção segura para o tratamento de diabéticos tipo 2 com IAM sem disfunção ventricular aguda.