Introdução: É bem estabelecido que estatinas e betabloqueadores reduzem o risco de eventos cardiovasculares na prevenção secundária após um episódio de síndrome coronária aguda (SCA). Este estudo analisou, em pacientes com SCA, a influência do plano de saúde (SUS ou privado) na utilização de estatinas e betabloqueadores no seguimento de longo prazo após a alta hospitalar.
Métodos: A partir de banco de dados coletado prospectivamente entre janeiro de 1998 e junho de 2016, selecionamos retrospectivamente 1743 pacientes (68,9% do sexo masculino, idade média de 62±12 anos, 29,6% com plano de saúde privado) que receberam alta hospitalar com estatina e/ou betabloqueadores e estavam vivos quando do último contato (em média 6,22±4,05 anos após hospitalização).
Resultados: Os principais resultados são apresentados na figura. Análise multivariada ajustada para fração de ejeção do VE, IAM com supradesnível de ST, sexo, história de diabetes e idade mostrou: a) para estatinas p<0.001, HR 1.87 (95% IC 1.64 a 2.13); b) para betabloqueadores p<0.001, HR 1.78 (95% IC 1.56 a 2.02).
Conclusão: Entre os pacientes com SCA que tiveram alta hospitalar, a interrupção do tratamento com estatinas e betabloqueadores no longo prazo foi maior em pacientes com plano de saúde privado, em comparação com SUS. O presente estudo sugere que o plano de saúde pode desempenhar papel importante na adesão a terapias comprovadamente úteis na redução de eventos cardiovasculares.