INTRODUÇÃO: A estimativa da força muscular respiratória (FMR) auxilia no acompanhamento do processo degenerativo da mecânica pulmonar, principalmente no doente crônico e seu declínio é considerado fator preditor de severidade e pobre sobrevida. A FMR pode ser obtida pelas pressões respiratórias máximas, mensuradas de forma não invasiva e acessível por manuvacuômetro. É sabido que na Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) ocorre alteração na mecânica pulmonar e da FMR pelo curso da doença, no entanto, não há dados sobre o comportamento desta variável na DPOC associada com hipertensão arterial sistêmica (HAS). Este estudo avaliou a força muscular respiratória e a frequência de fraqueza muscular respiratória em indivíduos com DPOC e com sobreposição DPOC-HAS. MÉTODO: Os participantes estratificados em grupo DPOC-HAS (n=74) ou grupo DPOC (n=30) foram submetidos à manovacuometria com dispositivo analógico (Comercial Médica®), com intervalo operacional de ±120 cmH2O e bocal adaptado com orifício para evitar aumento da pressão intraoral. Os voluntários permaneceram sentados e utilizaram clipe nasal durante as manobras de Pressão Inspiratória Máxima (PImáx), para a qual foram orientados a realizar esforço inspiratório máximo a partir do volume residual; e de Pressão Expiratória Máxima (PEmáx), para qual foram orientados a realizar esforço expiratório máximo a partir da capacidade pulmonar total. Todos realizaram ao menos três manobras reprodutíveis, sendo considerado o maior valor para análise, contanto que não excedesse em 10% o segundo valor mais alto. O estudo foi aprovado em comitê de ética e a comparação dos dados foi realizada pelo teste Teste t student com nível de significância 0,05. RESULTADOS: Na casuística avaliada, homogênea para idade, sexo e dados antropométricos, a FMR foi inferior para indivíduos com sobreposição DPOC-HAS comparados aos do grupo DPOC, respectivamente, tanto para PImáx (74±26 vs 91±22 cmH2O; p<0,01), como para PEmáx (85±24 vs 96±22 cmH2O; p=0,02). Ainda, houve maior prevalência de indivíduos com fraqueza muscular respiratória na sobreposição da DPOC-HAS (N=28; 26,9%) comparados ao grupo DPOC (N=5; 4,8%); p=0,03. CONCLUSÃO: Conclui-se que houve prejuízo significante da força muscular respiratória entre indivíduos com as comorbidades HAS e DPOC quando comparados com aqueles com DOPC isolada.