Introdução: Sabe-se que o sono possui dois estágios conhecidos como NREM, e REM. A fase NREM, por ser excepcionalmente relaxante, diminui a pressão arterial (PA) em 10% a 30%. Já a fase REM tem, por característica, intensa atividade do sistema nervoso simpático, havendo aumento da PA. A Sociedade de Pesquisa sobre o Sono, considera que a duração necessária para um sono reparador é de 7h. Estudos mostram que a duração do sono tanto aumentada quanto diminuída, leva ao aumento da morbidade e mortalidade cardiovascular. Objetivo: Analisar uma amostra significativa de laudos de Monitoramento Ambulatorial de Pressão Arterial (MAPA) e verificar se há associação entre a duração do sono e a presença ou não de hipertensão arterial sistêmica. Material e método: Análise quantitativa dos valores médios da Pressão Arterial Sistólica (PAS), Pressão Arterial Diastólica (PAD), Pressão Arterial Média e Pressão de Pulso, durante a vigília e durante o sono, de acordo com os quartis (Q1, Q2, Q3, Q4) de duração do sono, em um grupo de avaliações do comportamento pressórico por meio do MAPA, buscando-se também possíveis associações com idade, gênero e índice de massa corporal. Resultados: Foram avaliados 663 casos (49,2% homens), com idade de 15 a 89 anos divididos, respectivamente, em relação à duração do sono: Q1 até 6,33hs, Q2 de 6,35 à 7hs, Q3 de 7,02 à 7,75hs e Q4 de 7,78 à 14,75hs. Constatou que a duração do sono no grupo total foi de 7,1±1,5 horas (mediana de 7,0; IIQ de 6,3 a 7,7 horas). A média de idade de Q1 foi significantemente menor do que dos outros grupos (P=0,0065). A média do IMC do Q1 foi significantemente maior que Q4 (P=0,047) e não houve outras diferenças intergrupos. As médias da PAS total em cada grupo foram: Q1 121±0,08; Q2 122±0,09; Q3 122±0,08 e Q4 121±0,09 (P=0,5278). As médias da PAD total foram: Q1 77±0,12; Q2 78±0,12; Q3 78±0,13 e Q4 76±0,12 (P=0,1418). A avaliação da correlação de Pearson entre duração de sono e carga pressórica também não mostrou valores relevantes, com R de 0,088 para a correlação entre duração do sono e carga pressórica sistólica total e R=0,059 para correlação entre duração do sono e carga pressórica diastólica total. Conclusão: Embora a duração do sono seja apontada como fator relevante para a ocorrência de elevação pressórica, não se demonstrou essa associação em uma expressiva amostra de indivíduos submetidos à realização de MAPA.