Introdução: O infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma das principais causas de morte no Brasil sendo que a sua maioria ocorre nas primeiras 24 horas do início da doença. Dessa forma, o diagnóstico precoce e manejo correto é de suma importância para um efetivo tratamento, sendo o conhecimento teórico e as habilidades práticas do médico determinantes para o sucesso no desfecho no IAM. No entanto, a abordagem teórica por si só não é capaz de capacitar os alunos de medicina efetivamente, contribuindo para um déficit nesse assunto emergencial.
Métodos: Estudo descritivo-exploratório-quantitativo realizado com discentes do 5o ao 12o semestre do curso de medicina através da aplicação de questionário com 12 questões sobre o manejo do IAM construído com base na V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva simples. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 23037019.1.0000.0062).
Resultados: A amostra foi composta por 260 graduandos, com idade entre 18 e 37 anos (média de 23,24 anos). Houve prevalência do sexo feminino (66,9%), do estado de São Paulo (86,1%), do 5o, 6o, 7o e 9o semestres (76,1%). O 5o semestre obteve a menor média de acertos (41,6%), seguido pelo 6o, 7o e 10o (50%) e 8o, 9o, 11o e 12o (58%). As maiores taxas de acerto envolveram os marcadores de necrose miocárdica (73,46%), tempo para realização do eletrocardiograma (70,76%), indicações para o uso de fibrinolíticos (69,23%), tempo de transferência (59,23%) e identificação (56,54%) e manejo (54,23%) da principal arritmia associada ao IAM. A minoria conhecia as contraindicações de intervenção coronária percutânea primária (13,07%), conduta não indicada no IAM de ventrículo direito (35,77%), contraindicações absolutas de fibrinólise (42,30%), tempo porta-balão (44,23%), terapias reduzem mortalidade no IAM (46,15%) e tempo porta-agulha (48,07%).
Conclusões: Notou-se que os graduandos de medicina possuem conhecimento insuficiente sobre manejo do IAM e que os discentes de semestres mais adiantados obtiveram resultado semelhante aos demais, sugerindo um conhecimento não cumulativo. Os dados apontam para a importância da discussão teórica sobre IAM durante o curso de graduação em medicina, e necessidade de complementação com cursos de formação, capacitação e educação permanente.