Introdução:Diabetes melitus tipo 2 (DM2) é considerada a doença complexa multifatorial e está associada a alto risco de complicações cardiovasculares (CV). Os indivíduos que apresentam maior risco de desenvolvimento de DM2 são denominados pré-diabéticos (PD). Ainda não está bem esclarecido na literatura associação entre PD e marcadores incipientes de alteração da função cardíaca biventricular. Objetivos: Investigar se há marcadores precoces de disfunção cardíaca do ventrículo esquerdo (VE) e direito (VD) de pacientes com PD. Métodos: Estudo clínico transversal com composição de dois grupos: Pré-diabéticos (PD; N = 43): que preencheram os critérios para PD e não estão em uso de medicação hipoglicemiante; e Controle Normoglicêmicos (NG; N = 37): que não preencherem os critérios de DM e de PD.Os pacientes de ambos os grupos não apresentavam doença cardiovascular conhecida. Foram submetidos à avaliação clínica e física, coleta de sangue e um estudo ecocardiográfico completo foi realizado em todos os pacientes avaliando variáveis morfológicas, de função sistólica e diastólica biventricular. Análise estatística: comparação dos grupos através de teste de Qui-Quadrado para variáveis categóricas e teste T para variáveis com distribuição normal e Man-Whitney para variáveis de distribuição não normal. Associações entre variáveis do mesmo grupo foram avaliadas por regressão linear ou teste de correlação de Pearson. Resultados: Os resultados demonstraram que o grupo PD apresentaram alterações precoces de disfunção diastólica do VE avaliada pela menor velocidade da onda E do fluxo transmitral no grupo PD em relação ao NG (p=0,03). Houve maior prejuízo na função diastólica do VD avaliada pela menor relação E/A tricuspídea (p= 0,03) e menor E’ do Doppler tecidual do anel tricúspide (p= 0,04) no grupo PD. Não foi observada diferença significativa da função sistólica biventricular entre os grupos. No modelo de regressão múltipla, a velocidade E do fluxo transmitral foi fator independente associado à tolerância diminuída à glicose, mesmo após ajuste para variáveis confundidoras (p=0,03). Conclusão: Indivíduos PD, comparados a pacientes NG de idade e sexo semelhante, já apresentam alterações da função diastólica tanto do VD quanto do VE, que podem ser considerados precursores para o desenvolvimento de miocardiopatia diabética. Disfunção diastólica do VE foi fator independente associado à intolerância à glicose.