Síndrome de Yamaguchi e manejo da prática de atividades físicas: relato de caso.
Introdução: A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é caracterizada pela hipertrofia do ventrículo esquerdo (VE), na maioria das vezes de forma assimétrica e é a causa mais comum de morte súbita em jovens e atletas competitivos. A Síndrome de Yamaguchi é uma variante rara da CMH e é caracterizada pela hipertrofia apical do VE. É responsável por angina em 50% dos pacientes e a origem está relacionada a vários mecanismos que atuam sinergicamente levando a um desbalanço entre a oferta e consumo de oxigênio. O ecocardiograma é o principal método diagnóstico e a ressonância magnética (RM) é um exame de maior acurácia para detecção de fibrose miocárdica através da técnica de realce tardio sendo um preditor de risco para mortalidade geral, cardiovascular e morte súbita cardíaca e se presente, está associada a maior risco de arritmias malignas. Apesar do bom prognóstico, pode evoluir com arritmias graves, infarto do miocárdio, aneurismas apicais e morte súbita.
Objetivo: Liberação de paciente com CMH para a prática de atividades físicas.
Descrição do caso: J.F.N.G., 35 anos comparece em ambulatório para avaliação pré procedimento endoscópico. Refere prática de exercícios aeróbicos intensos, crossfit e de resistência. Eletrocardiograma (ECG) com importante alteração de repolarização ventricular. Teste de esforço assintomático, negativo para isquemia e sem arritmias. Holter sem arritmias significativas. Feito ecocardiograma mostrando miocardiopatia hipertrófica com predomínio septal-apical sem sinais de obstrução dinâmica à via de saída de VE. Optada pela RM para estratificação de risco que confirmou a alteração apical de CMH do tipo Yamaguchi e mostrou fibrose acometendo 2% da massa do VE. Iniciado betabloqueador como opção à prevenção de arritmias.
ECG:
Conclusão: Não ocorrendo obstrução à via de saída de VE em ecocardiograma e RM, teste de esforço assintomático, sem arritmias e negativo para isquemia, holter sem arritmias significativas e com níveis baixos de fibrose em RM (ausência de realce tardio), pode haver permissão para atividades físicas, com acompanhamento clínico semestral.