Introdução: Os autores descrevem caso de paciente com COVID-19 que evolui com bloqueio AV pós hissiniano, associado a miocardite aguda subclínica.
Descrição: Paciente masc, 31 anos, hipertenso controlado com losartana, com sintomas de Covid-19 (tosse, febre e falta de ar) confirmado por RT-PCR. Foi admitido em hospital por piora dos sintomas no 14˚ dia do início dos sintomas (D14). Paciente negava síncope ou tontura. Seus exames laboratoriais mostravam leucometria normal, troponina e CPK-MB normais, PCR Quantitativa: 103,66 mg/l (referência: até 6,0), dímero-D: 4,94 mcg/ml (ref: até 0,5) e CPK 1.495 U/I (ref: até 195). A TC de tórax demonstrou padrão típico em “vidro fosco”, com comprometimento discreto / moderado do parênquima pulmonar (25-50%).
ECG obtido na admissão demonstrava ritmo sinusal, com presença de bloqueio do ramo direito e BAV 2:1. Eco Doppler com diâmetros preservados das câmaras cardíacas, função biventricular esquerda preservada e fluxos normais. Foi considerada a possibilidade de marcapasso provisório, suspensa pelo reestabelecimento espontâneo da condução AV 1:1. Foi realizada RNM do coração, com presença de edema na parede septal, sem evidências de realce tardio (figura 1) e iniciado uso de metilprednilsolona.
O paciente voltou a manifestar BAV 2:1 intermitente assintomático no D20, sendo realizado Estudo Eletrofisiológico, com presença de condução nodal AV preservada e distúrbio da condução pelo sistema His-Purkinje (bloqueio do ramo direito, intervalo HV prolongado: 84 ms e presença de bloqueio AV pós hissiniano, figura 2).
O paciente foi submetido a implante de marcapasso definitivo (D22), sendo mantido em uso de corticóide e beta-bloqueador, com ótima evolução.
Conclusão: os autores descrevem paciente com miocardite aguda subclínica por Covid-19, ausência de disfunção sistólica do VD ou VE, com edema do septo interventricular e distúrbio da condução pelo sistema His-Purkinje, com necessidade de implante de marcapasso definitivo.