Vivemos uma pandemia decorrente do novo coronavírus (SARS-CoV-2) cujos primeiros casos surgiram no final de 2019 na China. Segundo a World Health Organization, em 06/04/2021 havia 131.309.792 pessoas infectadas pelo vírus no mundo, 2.854.276 mortes registradas pela doença e apenas 13 Países sem casos reportados da infecção. A clínica variável tem fatores em comum: reações inflamatórias que causam dano microvascular, ativação anômala do sistema de coagulação ocasionando vasculite de pequenos vasos e microtrombose. A coagulopatia da Covid-19 se caracteriza por aumento na dosagem de D-dímero e produtos de degradação de fibrinogênio e fibrina associado a doença endotelial que resulta em microangiopatia trombótica e comprometimento na microcirculação. Esse estado pró-trombótico da doença pode levar a complicações pulmonares e cardíacas. Relatamos o caso de paciente portadora de insuficiência venosa crônica e obesidade grau II em uso crônico de contraceptivo oral que contraiu de forma comunitária o novo coronavírus evoluindo com Tromboembolismo pulmonar e miocardite. Paciente do sexo feminino 44 anos apresentou início de sintomas de Covid sendo internada por hipoxemia em 28/12/20. Teve alta porém retornou ao Hospital apresentando dispnéia aos mínimos esforços e relato de dispnéia paroxística noturna. Atendida e liberada para casa retorna ao serviço apresentando sinais de instabilidade hemodinâmica. Realizada trombólise sob hipótese de TEP instável. A angiotomografia do tórax realizada em 20/01/21 confirmou a hipótese de Tromboembolismo pulmonar. Em 22/01/21 apresentou precordialgia e o eletrocardiograma demonstrou inversão da onda T de V1 a V4, D3 e AVF. Submetida a cateterismo cardíaco não foram evidenciadas lesões coronarianas. Ecocardiograma evidenciou hipocinesia das paredes anterior e septal e FEVE de 48%, diâmetro do VD de 32 mm, volume sistólico final de 70ml, PSAP de 56 mmHg. Iniciada terapia para Insuficiência Cardíaca. Recebeu alta em 22/02/21. CONCLUSÃO A infecção pela COVID-19 se apresenta com espectro clínico amplo e variável gerando um estado de hipercoagulabilidade e de inflamação sistêmica. Por conseguinte, é observada a presença de um estado pró-trombótico além de complicações cardiovasculares e pulmonares, dentre as quais, o tromboembolismo pulmonar e a miocardite aguda. A abordagem e tratamento não diferem do clássico manejo conhecido, porém é importante o adequado reconhecimento e oportuna intervenção terapêutica, visto que tais complicações podem agravar o desfecho clínico e aumentar a morbimortalidade